Prefácio
Prefácio do livro: "Mogi: do passado ao presente"
Luci Mendes de Mello Bonini¹
A mim foi dada a difícil tarefa de prefaciar esse livro maravilhoso. Nasci em Mogi das Cruzes, vivo aqui há mais de seis décadas e cada frase, cada foto que aqui passa pelas páginas deste livro, me trazem na memória, belíssimos eventos vividos em Mogi das Cruzes, pessoas queridas que pensam em preservar nossa cultura, nossa memória, nosso patrimônio.
Mogi: do passado ao presente resgata fachadas, ruas estreitas e esquinas que guardam histórias de encontros, de despedidas de amores concretizados ou esquecidos, conversas alegres e tristes, procissões e memórias de um tempo que não volta mais!
Cada um desses casarões abrigou famílias em seus momentos de privacidade e amor, alegrias e tristezas e hoje abrigam pontos comerciais por estarem em pontos centrais da cidade. Prédio viu bailes e filmes, hoje abriga templo religioso, há ainda as capelas e igrejas cujas festas viram milagres da fé e da redenção humana.
Os registros da máquina fotográfica de Dorival Martins Junior se igualam no enquadramento do cenário de décadas anteriores, paisagem urbana sendo modificada pela mão humana ao longo do tempo e da história: Progresso? Cultura?
O livro mostra que muito do patrimônio histórico de Mogi das Cruzes, uma das cidades mais antigas do Brasil, está preservado ou relativamente preservado. Estamos fazendo a lição de casa, pelo menos tentando. Mas nem tudo são flores na memória humana. O progresso e sua saga destrói e elimina belas construções na paisagem urbana. Muita coisa já se perdeu e uns poucos estão em vias de desaparecimento, por isso precisamos de livros como esse, que nos mostra como o tempo, as pessoas e o progresso podem ser danosos à nossa memória, nosso patrimônio e nossa identidade.
Desde 1937, existe o Instituto Patrimônio do Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), uma autarquia responsável pela preservação e divulgação do patrimônio material e imaterial em nível federal. Muito da preservação da memória local passa por ele, mas não é nível federal que se precisa pensar e sim em nível local.
Cada cidade, distrito e bairro precisa ter consciência de suas memórias, os ecos do passado precisam estar presentes para as gerações futuras.
Mogi das Cruzes, desde de 2003 – um tempo muito recente - tem seu Conselho de Patrimônio Histórico Artístico e Paisagístico, o Comphap, de caráter consultivo, esse conselho vem trabalhando muito para preservar os patrimônios históricos. Tudo o que este livro descreve e que está preservado, resulta da luta de todos aqueles que me antecederam, e não foram poucos.
Mais recentemente, a cidade ganhou um arquivo histórico, ainda em vias de funcionamento, aguardando pessoal técnico para poder atender a todos os cidadãos que queiram conhecer um pouco da nossa história: festas, nossa arte sacra, as mais antigas pautas musicais e muitos outros patrimônios que as pessoas não conhecem porque ainda não temos mãos e pernas que possam dar conta de tanto patrimônio a ser catalogado e apresentado ao público.
Mogi ainda engatinha nas políticas culturais para a preservação do patrimônio histórico, mas garanto que a cidade está muito na frente de outras cidades da região e eu diria, até do país.
_____________________________________________________________________
¹Dra. em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP, docente no Mestrado em Políticas Públicas da Universidade de Mogi das Cruzes, UMC e docente colaboradora do Mestrado em Habitação – Tecnologia e Planejamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas da USP. Presidente do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico Artístico e Paisagístico – COMPHAP, de Mogi das Cruzes, Gestão 2018 – 2020.
0 Comments:
Postar um comentário